O futuro, como sabemos, não é de sentido único, nem linear. Disso se apropriará esta edição dos Festivais Gil Vicente, para provocar modos de relação com algumas das matérias essenciais do nosso tempo.

Se este lugar social de hoje, que muito fragmenta e estilhaça o nosso campo sensorial, pode ser representado e colocado em perspetiva para vivência reflexiva por uma das artes do nosso tempo... então uma dessas vias é seguramente o teatro.

Construímos um programa que afirma a necessidade de observar, viver e entender muitas pequenas naturezas que se alteram à velocidade com que a realidade interfere nos nossos sentidos e conceitos.

Em palco, encontraremos uma riqueza estética, poética e política, proposta por uma nova geração criativa, que assume sem rodeios esse lugar de questionar a existência humana e seus hábitos sociais.

Em cumplicidade com a direção artística do Teatro Oficina, os Festivais Gil Vicente propõem também no seu programa, uma relevante dimensão de pensamento e formação, montada com protagonistas que fazem parte do forte elenco geracional presente nesta edição.

Navegando por diversas temáticas, diferentes geografias e novos lugares de expressão, traremos à linha da frente algumas das mais inquietantes, críticas e criativas formas que o teatro contemporâneo nos oferece, na tentativa de interpretação de um tempo que parece querer escapar a uma definição binária da humanidade.

Rui Torrinha

Os Festivais Gil Vicente são uma organização conjunta d'A Oficina, do Município de Guimarães e do CAR - Círculo de Arte e Recreio.