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DOMINGO 14 NOVEMBRO, 16H00
Big
Band da ESMAE dirigida por Ryan Cohan
Apesar
de, como é amplamente sabido, o jazz ser primordialmente uma música negra com
raízes nas expressões musicais africanas e seus equivalentes transplantados nos
Estados Unidos da América, com o passar do tempo, porém, os princípios
orgânicos desta música foram sendo incorporados na tradição clássica e
intelectualizados de acordo com a matriz musical ocidental. Assim sendo, à
medida que o jazz foi amadurecendo a sua identidade e expandindo o seu raio de
influência, assimilando e reinterpretando outros géneros musicais, foram
naturalmente surgindo músicos como Gil Evans, em colaboração com Miles Davis,
ou, mais recentemente, Uri Caine (e estes são apenas dois exemplos entre
muitos) que começaram a reivindicar a existência de uma linha de continuidade
entre a música clássica europeia e o jazz, harmonizando assim numa mesma
cosmologia musical compositores aparentemente tão distantes entre si como
Schoenberg e Charlie Parker, Duke Ellington e Bach.
O
pianista e compositor nativo de Chicago Ryan Cohan é, duas décadas passadas
desde que iniciou a sua carreira na música, um digno representante de uma das
tendências do jazz do século XXI, centrada fundamentalmente na exploração do
jazz através do prisma das suas relações não apenas com a música clássica mas
também com a música tradicional de geografias e culturas não-ocidentais.
Formado na DePaul University, o início do percurso musical de Cohan dá-se em
meados dos anos do 1990 com a gravação do seu primeiro álbum a solo, “Real
World”, e ganha notoriedade com a composição e escrita de arranjos para
múltiplos álbuns de Ramsey Lewis e com a escrita da música do genérico do seu
programa de televisão, “The Legends of Jazz”. Ao mesmo tempo que colabora com
inúmeros ensembles de renome mundial e músicos de jazz prestigiados como a
Chicago Symphony Orchestra, Freddie Hubbard, Curtis Fuller, Joe Locke, Regina
Carter ou Kurt Elling, entre outros, este pianista e compositor tem
desenvolvido ao longo dos anos um corpo de trabalho expansivo e desdobrado por
diversos formatos e configurações, incluindo piano solo, orquestração e
composição de bandas sonoras para filmes independentes. Cohan, que é bolseiro
da Fundação Guggenheim em composição musical, editou até à data seis registos
discográficos em nome próprio, o último dos quais, “Originations”, no qual se
reúnem composições escritas para sexteto de jazz e quarteto de cordas que
sintetizam elementos da música tradicional árabe e judaica, da música clássica
e da improvisação.
Na edição
do Guimarães Jazz de 2021, Ryan Cohan protagonizará um concerto com o seu
quinteto e será também o responsável pelo projeto de parceria do festival com a
ESMAE – Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo. Como sempre desde o
início desta colaboração, o pianista e compositor norte-americano dirigirá a
big band desta instituição de ensino de jazz portuguesa, cumprindo assim o
desígnio pedagógico que consideramos ser parte integrante do Guimarães Jazz.