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SEXTA 19 NOVEMBRO, 19H30
Black
Art Jazz Collective
Sendo o
jazz uma criação distintamente negra, seria de esperar que em pleno século XXI,
ou seja, num mundo pós-migratório e pós-colonial e, finalmente, de novo
multipolar, o reconhecimento do decisivo (ou, mais explicitamente, fundacional)
contributo afro-americano para a formação do cânone da música popular dos
últimos cem anos fosse uma evidência. Por várias razões, entre elas certamente
vestígios do abuso de posição predominante por parte da cultura clássica
europeia e pela arrogância intrínseca dos seus arautos, mas também por motivos
de aproveitamento mediático e ideológico, em anos mais recentes têm sido
inúmeros os projetos de “celebração” das raízes negras do jazz.
Independentemente das considerações de teor cultural ou sociológico que
possamos fazer sobre este fenómeno, é certo que as diferenças de qualidade
entre eles vão variando em função da qualidade dos seus intérpretes e da
honestidade dos seus objetivos. O Black Art Jazz Collective, cofundado em 2012
pelo saxofonista Wayne Escoffery, pelo trompetista Jeremy Pelt e pelo baterista
Jonathan Blake, todos eles instrumentistas credenciados do circuito jazzístico
nova-iorquino das últimas duas décadas e cúmplices em colaborações com grandes
nomes do jazz como Ron Carter ou Wayne Shorter, enquadra-se no grupo daqueles
que o fazem com pertinência e integridade. Esta banda destaca-se sobretudo pela
sobreposição de narrativas musicais e políticas, homenageando através do poder
evocativo do jazz não apenas a herança artística mas também o lastro de resistência
política inscrito no património genético da música de raiz afro-americana.
Nesse sentido, e tal como os próprios membros do grupo o afirmam, este projeto
chama a si os princípios éticos e estéticos de ensembles seminais do passado,
desde logo e com evidente acuidade os lendários Jazz Messengers de Art Blakey.
Além de
Escoffery, Pelt e Blake, todos eles músicos com formação avançada em jazz e
todos eles também cidadão adotivos de Nova Iorque, cidade onde chegaram
sensivelmente pela mesma altura com o objetivo de singrar no meio jazzístico, o
Black Art Jazz Collective é atualmente composto pelo trombonista James Burton
III, o pianista Victor Gould, o contrabaixista Rashaan Carter e o baterista
Mark Whitfield Jr. Estamos, portanto, a falar de um conjunto de instrumentistas
de inegável competência técnica e que têm consolidado o seu percurso do jazz
através da aprendizagem com alguns dos nomes maiores deste género como Wallace
Roney, Joe Lovano, Kenny Barron ou Bobby Hutcherson. Ao contrário do que muitas
vezes (demasiadas) acontece na música contemporânea, este grupo não se dedica à
revisitação do reportório canónico do jazz, embora isso pontualmente aconteça
nos seus registos discográficos e atuações ao vivo. É, portanto, no espírito
das composições originais dos músicos do grupo que se encontram as
reminiscências e as invocações do espantoso legado da cultura de raiz negra,
que, nas suas diferentes expressões (não apenas o jazz e o blues, mas também o
hip-hop, o soul, o funk, entre outros subgéneros) constitui sem dúvida o mais
valioso de toda a música ocidental do século XX.
Maiores de 6
Wayne
Escoffery saxofone
Jeremy Pelt trompete
James Burton
III trombone
Victor Gould piano
Rashaan Carter contrabaixo
Mark Whitfield Jr. bateria