Com a saída de cena de Jones, passados treze anos desde o início de uma colaboração extremamente profícua no contexto desta big band, materializada em quinze edições discográficas e várias digressões mundiais, Lewis assumiu plenamente a liderança de projeto e eventualmente recrutou o reputado compositor Bob Brookmeyer, cujo estilo composicional determinou uma nova direção sonora para este ensemble, mais sintonizada com a evolução dos tempos, ao mesmo tempo que outros compositores contribuíam também com novo repertório, assegurando dessa forma a pertinência e a vitalidade artística deste projeto seminal do jazz nova-iorquino de inspiração canónica. Com o desaparecimento físico de Mel Lewis, em 1990, a banda adotou definitivamente o nome de Vanguard Jazz Orchestra e atribuiu a Jim McNeely a função de compositor residente, posição que este músico prestigiado ainda hoje ocupa. Quase sessenta anos depois da sua fundação, este ensemble incontornável da história do jazz, presente pela primeira vez no Guimarães Jazz em 1999, quando o festival dava os primeiros passos do seu trajeto de afirmação no panorama musical português, continua ainda hoje a defender o legado dos seus fundadores, a homenagear o legado tradicional do jazz e a desafiar as fronteiras do idioma jazzístico orquestral.

O elenco de músicos que integra a Vanguard Jazz Orchestra é composto, como seria de esperar, por músicos altamente competentes e prestigiados da cena jazzística nova-iorquina, entre eles Dick Oatts, diretor artístico e de longe o mais antigo membro da orquestra, um estatuto que o qualifica, portanto, como o maior conhecedor da sua história e identidade. Nascido e criado em Des Moines, no estado norte-americano do Iowa, o saxofonista e compositor Richard Dennis Oatts iniciou a sua carreira musical em Minneapolis e estabeleceu-se em Nova Iorque em 1977, ano em que integra a na altura designada The Thad Jones/Mel Lewis Orchestra. Desde então, Oatts desenvolveu um corpo de trabalho muito para além das fronteiras desta orquestra, em grupos como Flim & the BB’s ou em colaborações com nomes e instituições importantes do jazz tais como, entre muitos outros, Lester Bowie, Ella Fitzgerald, a Carnegie Hall Jazz Band ou a Danish Radio Big Band, estabelecendo assim uma sólida reputação como multi-instrumentista no domínio dos instrumentos de sopro (saxofone, clarinete e flauta). Para além da sua obra colaborativa, o atual diretor artístico da Vanguard Jazz Orchestra possui igualmente um historial discográfico relevante como líder de formação e é igualmente um pedagogo respeitado, sendo presentemente o coordenador de estudos de jazz na Temple University de Philadelphia e, desde 1998, “artista em residência” no Conservatório de Amesterdão.

No concerto que protagonizará na edição do Guimarães Jazz 2023, a Vanguard Jazz Orchestra celebrará o centenário de Thad Jones, trompetista, fundador e compositor residente durante a primeira década de atividade deste ensemble, e membro de uma das famílias mais distintas do jazz (de lembrar que dois dos seus irmãos são os lendários Hank e Elvin Jones), cuja obra é hoje parte integrante e fundamental do legado jazzístico norte-americano do século XX.