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QUARTA 13 NOVEMBRO, 21H30
Unanimemente considerado um dos grandes saxofonistas do nosso tempo, Joe Lovano (n. 1951, EUA) é um nome incontornável da música contemporânea em virtude não apenas do historial impressionante de colaborações com nomes fundamentais do jazz dos últimos cinquenta anos, como McCoy Tyner, Hank Jones, Paul Motian ou John Abercrombie, mas também pela sua participação em projetos como a Saxophone Summit, uma all-star band de saxofonistas partilhada com Dave Liebman e Michael Brecker, ou a banda Sound Prints, em coliderança com Dave Douglas.
No seu regresso ao Guimarães Jazz, onde já atuou por diversas ocasiões, Lovano apresenta-se com o seu Trio Tapestry, com uma formação invulgar de saxofone, piano e bateria, e ao lado de dois músicos de exceção – Marilyn Crispell, que atuou no Guimarães Jazz no já distante ano de 2002, e Carmen Castaldi.
Marilyn Crispell é uma pianista e compositora com uma carreira ativa no jazz desde 1978. Associada aos movimentos da música contemporânea e do jazz de vanguarda, Crispell notabilizou-se sobretudo enquanto membro da Creative Music Orchestra de Anthony Braxton e do Reggie Workman Ensemble, tendo também colaborado com o baterista Paul Motian, ele próprio um colaborador de longa data de Lovano, e a compositora Pauline Oliveros, entre inúmeros outros músicos, artistas visuais e escritores.
Carmen Castaldi é, tal como Joe Lovano, originário de Cleveland, cidade onde os dois se conheceram durante a adolescência e de onde ambos saíram para estudar na universidade de Berklee, Boston. Associado sobretudo à cena jazzística da costa leste dos Estados Unidos, o percurso de Castaldi foi definido pelas colaborações com músicos como Teddy Edwards e Bill Perkins. A relação artística de Castaldi com Lovano manteve-se, no entanto, ao longo do tempo, materializada em gravações discográficas ou em digressões ao vivo, nomeadamente com a Lovano’s Street Band.
Trio Tapestry, que é também o título do álbum editado em janeiro deste ano pela editora ECM, revela uma dimensão mais pessoal, intimista e, sobretudo, muito livre da música de Joe Lovano, sustentada em texturas rítmicas, melódicas e harmónicas. A tonalidade lírica dos fraseados de Crispell e a subtileza das improvisações de Castaldi criam atmosferas que o saxofone de Lovano transforma em paisagens, acrescentando definição a uma música que soa cromática e emocional, sem perder nunca de vista o horizonte da tradição do jazz que é a sua origem. Introspetiva e contemplativa, desinteressada de ambições virtuosísticas, desligada de pretensões de inovação, e focada sobretudo na expressão da beleza, a música desta banda explora dimensões meditativas e sensoriais da criação musical, interpretadas por três músicos de altíssimo nível e de grande sensibilidade artística, comprometidos apenas com o propósito da partilha e da congregação dos espíritos.